7.03.2009

EMAGRECER é preciso, VIVER não é preciso!!!



Dois post no dia de hj! Isto é alarmante... hehe

Hj eu estou de um jeito que não sei bem o que é...

São decisões e atitudes a serem tomadas, são experiencias não trocadas, strees do trabalho, psicologico chorando, um espiritual "nublado" e um corpo fisicamente atacado por dor no corpo, garganta inflamada, dor de cabeça e tontura...

Isto é VIVER?

Bom, isto me fez lembrar do colégio.

Nunca vou me esquecer de uma aula que tive, ainda no ensino fundamental, cujo título da matéria sobre a navegação portuguesa era “navegar é preciso, viver não é preciso”. Esta frase, usada pelo romano Pompeu pra animar seus marinheiros e, posteriormente, por Fernando Pessoa em um de seus poemas, à primeira vista me chocou.

Claro que na noite anterior à aula eu, como paranoica e morta de medo de errar ou de fazer qualquer pergunta boba, li o capítulo do livro e pensei “Caramba, esses caras eram doidos mesmo!! Como assim? Precisam navegar, mas viver, não??”

Isso ficou na minha cabeça até quando a professora explicou que esta frase tinha duplo sentido, mas queria dizer que navegar é uma ciência exata e racional, mas viver, não. Adoro essa frase!!

O escritor Rubem Alves colocou bem dizendo o seguinte: “Navegação é ciência, conhecimento rigoroso. Para navegar, barcos são necessários. Barcos se fazem com ciência, física, números, técnica. A navegação, ela mesma, faz-se com ciência: mapas, bússolas, coordenadas,meteorologia. Para a ciência da navegação é necessária a inteligência instrumental, que decifra o segredo dos meios. Barcos, remos, velas e bússolas são meios. Já o viver não é coisa precisa. Nunca se sabe ao certo. A vida não se faz com ciência. Faz-se com sapiência. É possível ter a ciência da construção de barcos e, ao mesmo tempo, o terror de navegar. A ciência da navegação não nos dá o fascínio dos mares e os sonhos de portos aonde chegar.”.

Acho que isso tem tanto a ver com a anorexia... Se você quer emagrecer, você precisa de uma tabela de calorias e precisa calcular quanto vai gastar de energia e quanto vai consumir; quanto de calorias perderá se fizer determinado exercício e quanto precisará queimar pra emagrecer a quantidade que “zera” a diferença. É matemático, é preciso, é racional. Mas e viver? Viver, não... Da mesma forma que a navegação é só um processo, porque a meta é chegar, atracar e fazer o que tem pra fazer; emagrecer também é um processo e na anorexia acho que a meta nunca é alcançada “meio que” propositalmente. Porque assim como a precisão da navegação não é a mesma que a do encontro e da negociação com as pessoas – aquele jogo de “pechincha” – correndo o risco de não ter tanto lucro, ser magra não significa ser feliz, não significa se dar bem com as pessoas...

Então, a questão não é exatamente “viver” em si, mas lidar com as pessoas.

Eu nunca consigo saber a reação que os outros terão em relação a mim e ao que faço.

Muitas vezes esperei reações boas em determinada situação, e acabei sendo muito criticada.

Nos momentos em que estou empolgada e termino criticada, fico tão mal, me sinto tão devastada, que num certo ponto decidi que era mais simples sempre esperar uma reação negativa das pessoas, pois o elogio seria um “lucro”, digamos assim. Minha psicologa sempre diz algo q se resume nesta frase: “Não se pode agradar a Gregos e Troianos”.

Então, estou tentando entender que o que faço nunca estará perfeito pra todo mundo.


Pois é!! Emagrecer é mais preciso do que viver e talvez mais necessário também...


Bjos,

Aninha Bly ♥

Créditos à Ana Paula!!



Pq ANA/MIA é/ou gosta de ser PRÓ-ana/mia?


O que leva meninas e mulheres a gostarem de estar doentes? Essa deve ser a pergunta que mais passa pela cabeça de pais, professores, especialistas e quem quer que se interesse pelo assunto. Como que, muitas vezes, moças bonitas e de famílias boas insistem em emagrecer até os ossos?
Se você que começou a ler este post, não é pró nada disso, se for “só” um pai ou mãe preocupado com o que sua filha anda vendo na Internet, por exemplo, e quiser se aventurar comigo nesta tentativa de entender um pouco do que acontece conosco (ana’s e mia’s), te aconselho a ficar aqui e ler até o fim.
Pra chegar ao objetivo a que me propus, tenho que explicar algumas coisas do “antes” da anorexia/bulimia chegar e, com certeza, não estarei falando somente de mim, mas de várias anoréxicas que chegaram a pontos extremos desta doença.
Não existem meios de definir em “padrão” exato da personalidade (qualidades) de uma pessoa c/ estes tipos de TA’s. Em um dos programas recentes do PROFISSÃO REPORTER, da TV Globo, passou uma reportagem sobre Ana/Mia e eles listaram algumas das possíveis qualidades de pessoas c/ este tipo de transtorno:
- Perfeccionistas,
- Inteligentes,
- Críticas e com elevada auto-crítica.
- Sensíveis a críticas exteriores,
- Boas alunas;
- Preocupadas com a família e amigos,
- Responsáveis e confiáveis,
- Não dão “enormes” preocupações aos pais,
- Autênticas e criativas.

Acho que a maioria de suas “qualidades”, ou melhor, a forma como a maioria das pessoas nos enxerga realmente estão ai, mas até que ponto uma qualidade se transforma em um incômodo? Você deve estar se perguntando “Como assim?” Bom, ser boa aluna, inteligente e perfeccionista são características que andam de mãos dadas. Sempre exigi de mim mesma ser uma boa aluna e tirar notas boas, apesar de dificilmente chegar a minha meta. Apesar de minha avó e meus tios nunca terem me cobrado um futuro brilhante, sentia que eles investiam o que podiam na minha educação, me incentivavam e tinham essa expectativa. Até pq. nenhum deles haviam tido a oportunidade de estudar.
Quando cheguei à adolescência, naquela época em que os familiares já não são mais o centro do universo, percebi que era rejeitada pelos meninos, obviamente porque era desengonçada. Nessa época, juntamente com uma prima, resolvemos fazer regime, pois era o que todas as moças mais velhas faziam. Queríamos CRESCER. Só que ai, na minha cabeça, eu já tinha que ser a mais magra, a do corpo mais escultural. Exigia a perfeição. Nada era suficiente a não ser que fosse perfeito. No começo, esta idéia com minha prima não deram muito certas, pois tínhamos 12 anos e queríamos mais era comer tuuudo que víamos pela frente. E logo percebemos que não precisamos emagrecer, pois tínhamos manequim de “criança” ainda. E ficamos felizes com isto.
Os anos correram e eu cresci... E em uma situação, engordei desesperadamente. Certo dia, decidi me controlar e emagrecer. Emagreci bastante, mas nesse processo, não sei dizer por que, não percebia que já tinha emagrecido e nunca estava magra o suficiente. Além disso, obtive um resultado que eu não esperava aconteceu: “choveu homem na minha “terra”. Só que nesta época, eu já não mais queria me envolver c/ qualquer um, entendem? Já havia passado por uma fase onde ficava c/ rapazes e nem me recordar de seus nomes. E não foi legal. Não queria isto novamente, queria um namorado sério, mas não consegui encontrar, alias, como eu ainda estava sob o jugo de meu pai e mha madrasta, no fundo eu sei que tinha era –medo- das criticas deles.
Isso foi me fazendo ficar cada vez mais depressiva e eu tinha vergonha até de sair na rua porque eu estava fracassando. Muita pressão pra minha cabeça, aos 18 anos. Perfeição no colégio, vestibular, perfeição como filha, perfeição como amiga, perfeição na aparência, queria ser uma diva. Tudo exigia muita dedicação: estudar muito, ser muito atenciosa com a família e amigos, ter um futuro brilhante, me arrumar muito, e sentir muita fome... Só que a fome tirava a minha atenção de todas as outras coisas. A depressão, assim como o meu fracasso como “diva”, pq. me sentia cada vez mais uma baleia e a minha auto-estima baixa, foi me afastando da convivência com meus amigos. Porém, me livrou de uma das minhas preocupações: ser uma grande amiga. Afinal eu tinha tanto problema, mas tinha que ficar me dedicando às dificuldades alheias... Conforme fui me afundando, percebi que ser a filha perfeita já não dava mais, porque pra isto, teria que ter tido pais presentes. Como eu não saía mais, já não sabia se eu estava de arrasar e não sabia interpretar críticas ou elogios. Assim me livrei de mais uma preocupação.
Nossa, isso tava ficando cada vez pior e melhor ao mesmo tempo. Afinal, não ter mais amigos fazia com que eu ficasse mais depressiva, contudo era o que me auxiliava a emagrecer mais. Quem já teve depressão sabe que você quer se afundar cada vez mais. É um círculo vicioso. Mas as pressões que eu exercia sobre mim mesma estavam cedendo. A única delas que ficou foi emagrecer. Quase todos os meus problemas estavam resolvidos. Não precisava fazer nada além de ficar sem comer, sentir fome e emagrecer. Claro que na época eu não enxergava isso. Simplesmente foi acontecendo. As pressões foram cedendo e eu não queria pensar em outra coisa. Não queria mais saber de nada, nem de ninguém.
Cheguei a uma conclusão há pouco tempo atrás. Sabe aquilo que dizem que quando você está com dor de cabeça, é só você apertar o dedão que a dor de cabeça passa? Por quê? Porque você substitui uma dor pela outra. As dores internas que sempre senti (não me livrei delas ainda) e essa pressão pra ser perfeita doem tanto que prefiro sentir fome. Essa dor me distrai das outras, chega a ser um prazer.
Lembro que no começo eu não sabia direito o que era anorexia, nem pró-ana, nem nada disso. A dor da fome tinha um limite que eu conhecia e a dor de não chegar à perfeição era infinita perto dessa minha amiga: a fome. Eu era uma pró-ana e nem sabia.
Acho que esses sites e matérias acusando as pró-anas são muito limitados e alarmistas. Acho mesmo. Será que ninguém que já esteja curado ou, pelo menos, entrado em um estágio de controle da doença consegue chegar a essa conclusão?
Para vc que tem alguém próximo c/ TA’s, pense sobre o que foi escrito. Não acuse, não aponte, não critique pelo que lê por ai. Pare pra pensar em reias razões pra alguém gostar de estar nesta "vida", ok?

Bjoka’s,


Aninha_Bly


créditos totais à Ana Paula!