Neste fim de semana reencontrei uma amiga do tempo de colégio.
Nos conhecemos de forma inusitada. Sabe aquela pessoa que você esbarra olha e diz: “Essa ai é metida...” Pois bem, foi com esta, que eu pré-conceituei, que vivi alguns momentos mega-sensacionais. Recordamos o quanto unidas e confidente fomos.
Relembramos nossos dias, nossas tardes, nossas surpresas, nossa necessidade de sempre sermos as “perfeitinhas”_as que tinham melhores notas, as que faziam as melhores surpresas, as que eram melhores amigas, a dupla mais admirável do colégio_ enfim, o quanto queríamos superar tudo e todos ao nosso redor.
Analisamos também o quão reclamávamos por não termos nada pra fazer, o quanto chorávamos por não termos o que hoje chamamos de responsabilidade, choravamos por nossas inseguranças...
Tudo isto me fez voltar para o que me foi dito durante a semana. Disseram-me que eu gosto de sofrer. Assim, na lata. Está certo que foi tentado jogar como se fosse uma hipótese, mas o tapa na alma foi dado. Não por minha psicóloga, mas por mim mesma. Por mais que eu admita que eu goste de ouvir verdade, não tem como negar que elas doem pra caramba. E está ai mais uma prova, pois ao gostar tanto de ouvir verdades, eu me mutilo cada vez mais. E se estas palavras mexeram comigo e me fizeram pensar, é porque não é uma suposição. Como sempre, ponto pra minha analista (tadinha, ela realmente me conhece) :DDD Mas este ponto do “tapa na alma” vai ter que ser assunto pra outro tópico, provavelmente após conversar com ela.
O que quero tratar neste post, é que percebi que nem na época em que eu me julgava feliz, eu o era de verdade. E a culpa disto é tão somente minha. Não sei bem a que ponto eu me perdi, mas as minhas amizades e minhas atitudes com meus amigos, não eram atitudes reais, entendem?
A conclusão que eu cheguei durante este fim de semana, eu considerei surpreendente, porque ela estava na minha cara, era óbvia e eu não tinha percebido ainda... É aquela coisa - quando vc está muito envolvido em algum problema, vc se enrola tanto nele que não consegue ver do lado de fora...
Eu percebi que não me odeio, mas odeio o que eu me tornei... Tornei-me uma pessoa cordata, que quase não discute mais, que não argumenta mais quando tem um ponto de vista diferente da maioria, que não briga mais pelo que quer, só abaixa a cabeça e cumpre ordens. Eu odeio gente assim, gente que é gado, sabe? Gente da modinha, gente que quer ser popular, que quer se encaixar... “wanna bes”... Que louco... no meu profile do Orkut está escrito que eu odeio wanna bes, sendo que eu me tornei uma (pelo menos não fui contraditória, né? rs...). Eu sempre raciocinei diferente desse tipo de pensamento de massa. Eu não era como todo mundo e por isso que antes eu gostava de mim. Eu era original, autêntica, exatamente por isso que eu tinha amigos que vinham me procurar. Eles queriam saber o que a doida aqui pensava!!! Eu importava pra eles justamente por ser diferente. E eu brigava e botava a boca no trombone quando eu não gostava de algo ou alguém. Não tava nem aí.
Não sei direito como eu cheguei a esse extremo contrário. Talvez tenha sido por tantas pessoas terem me criticado. Mas não sei por que eu dei ouvido a elas. Antes eu não ligava. Como eu gostava de mim, não importava o que os outros achavam. Eu me bastava. Isso me leva ao motivo da anedonia (falta de prazer em fazer as coisas) pesada e da auto depreciação que sinto... Se eu não tenho o que "inventar" - já que os outros vão pensar antes por mim e eu só vou seguir - não dá graça de fazer nada mesmo e por isso não tenho valor. Por vezes pareço aquelas retardadas sem criatividade, sabe? Dia destes perguntaram o porque de eu estar quieta numa reunião. A primeira coisa que pensei foi: “Falar o que se não vão aceitar minhas idéias?” então, apenas sorri, e fiz exatamente o que me pediram, tentando fazer com perfeição. Meu, eu era "nervosinha", bravinha, não sabia ficar quieta, sabe? Isso deve ter me prejudicado em algum ponto e resolvi mudar. Putz, foi a pior coisa que fiz... Achei que resolver as coisas de uma maneira mais "normal" seria mais fácil, que depois de um tempo eu me acostumaria e isso seria o normal pra mim. Pois é, calei a mim mesma. Por dentro, ainda fico com raiva de muitas coisas e não concordo com elas, mas mando essa parte calar a boca e isso só vai acumulando e eu vou virando uma panela de pressão. Algumas vezes essa panela explodiu, literalmente, e isso me levou a atitudes que me desagradam de maneira vergonhosa. Coisas que eu poderia ter resolvido diferente e bem melhor. Seria mais fácil. Mas EU não quis o mais fácil. EU preferi sofrer. A culpa foi minha.
Eu aceitei e guardei por dentro a mágoa de pessoas que pisaram em mim de uma maneira humilhante, mas eu já estava tão acostumada a essa porcaria que me transformei, que não quis nem me defender. Como criticar pessoas podres e odiosas se eu mesma virei uma desse tipo?
Eu queria ter me transformado numa pessoa que não fosse taxada de radical, extremista. Tentando analisar a situação cruelmente, tentando “ver de fora”, eu não queria ser vista como “tal mãe, tal filha”. Queria (quero) ser doce, tranqüila. Queria ser apazigüadora. Mas essa não é a minha essência. Não está dentro do meu eu verdadeiro. Virei um rato de laboratório dos outros, uma cobaia. Eu mesma me impus isso... Qualquer um poderia fazer qualquer coisa comigo que eu não acharia que a pessoa estava errada. A culpa era minha. Sempre era minha. Só que muitas vezes eu nem sabia porquê.
Eu fui usar uma máscara pra poder conviver na sociedade, só que a máscara resolveu ( eu deixei) tomar o meu lugar. Eu virei a máscara e esqueci quem eu era. Não sei se vai adiantar muito cavar até encontrar o começo disso pra eu poder fazer o caminho reverso, mas tenho agora que pensar no método pra eu voltar a ser eu mesma.
É isto ai... Esse fim de semana foi massacrante. Mas produtivo.
Ainda estou dissolvendo o meu "tapa na alma"... Acho que algumas coisas irão mudar. Ao menos hoje, eu sei pra onde eu quero que a anorexia e a bulimia me levem...;)
Bjkas!!!
♥
^^
primeiro crédito à Ana Paula!
3.08.2009
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